Publicado em: Novembro 19, 2018
Fonte: Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas
“Um cenário que exige muita resistência e muita força para manter vivos princípios, diretrizes e as poucas e potentes iniciativas que surgiram nos últimos anos com o objetivo de promover mais justiça nas nossas cidades”. Com essa frase, os jovens arquitetos e urbanistas à frente do escritório AH! Arquitetura Humana resumem o atual momento da moradia social no país, considerando o que preza a Assistência Técnica em Habitação de Interesse Social (ATHIS). “Saímos de uma realidade de altos investimentos em políticas públicas voltadas para a moradia, e estamos vivendo o início de uma fase de austeridade nas políticas públicas. Vamos precisar estar juntos e sermos criativos”, sintetizam Franthesco Spautz, Karla Moroso, Paola Maia e Taiane Beduschi, responsáveis pelo desenvolvimento da Cartilha da Assistência Técnica em Habitação (ATHIS) para o Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Santa Catarina (CAU/SC), trabalho que rendeu ao AH! o 13º Prêmio Arquiteto e Urbanista do Ano na categoria Setor Público, concedido pela Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA).
Os sócios, com especialização em Arquitetura da Cidade, desenvolveram a última etapa dos projetos vinculados à ATHIS: a Cartilha, um documento que traduziu uma caminhada para o poder público, os profissionais e a sociedade, além de ser o instrumento do CAU/SC para a promoção da ATHIS no estado catarinense. Segundo os sócios, foi a materialização gráfica de uma ideia bastante estudada, debatida e elaborada ao longo de seis meses de trabalho da Comissão de Assistência Técnica do CAU/SC (CATHIS) e do AH! Arquitetura Humana. “O grande desafio foi conseguir colocar em um documento informativo e visualmente bacana todo esse conteúdo”, dizem os sócios. Ou seja, a Cartilha foi concebida ao mesmo tempo para informar, provocar uma mudança de comportamento profissional e apontar os caminhos da ATHIS para as estatais.
A aplicabilidade do conteúdo da cartilha é de responsabilidade de todos os atores que estão implicados na ATHIS. “O Poder Público tem um papel central para a sua viabilização. Vivemos em uma sociedade desigual onde o setor público possui papel central para equilibrar esta realidade através das suas política”, afirmam os profissionais do AH!. Segundo eles, essas políticas devem contar com normas, recursos humanos, financeiros e se pautar por ações programáticas que articulem os diferentes atores implicados na ATHIS, os arquitetos e urbanistas, as cooperativas, as universidades, os pequenos escritórios, o sistema de justiça, as organizações não governamentais, as entidades , dentre outros.
Ao longo do processo de atendimento à moradia social, os profissionais do AH! Arquitetura Humana se depararam com um cenário onde a maior demanda é voltada para a reforma e qualificação da unidade habitacional – inserida em territórios frágeis que apresentam muitas demandas. Em seguida, surgiram as necessidades das populações que lutam por um espaço na cidade. “É o que chamamos de assessoria para as resistências, demandas coletivas presentes nas ocupações urbanas”, afirmam os arquitetos e urbanistas. Regularização fundiária, espaços públicos e produção de moradia também são ações que tangenciam a ATHIS quando surgem de modo mais individual.
O escritório AH! Arquitetura Humana iniciou suas atividades no ano de 2014 em Porto Alegre e tem atuação voltada à promoção da justiça nas cidades, criação de espaços com qualidade arquitetônica, encorajamento na busca de alternativas que solucionem questões de direito à cidade e moradia e projetos participativos. Os projetos do escritório permeiam em quatro eixos bem distintos: edificações, habitação de interesse social, reciclagem de uso e planejamento e políticas públicas. No portfólio, além da iniciativa vencedora do Prêmio Arquiteto e Urbanista do Ano, estão muitos outros projetos, entre eles a concepção do Assentamento Vinte de Novembro e da Ocupação 2 de Junho, ambas em Porto Alegre.